Jessica Chastain: “Não vou aceitar salários injustos”

Bastante envolvida no debate sobre igualdade de gênero em Hollywood, a atriz Jessica Chastain falou à revista americana Variety sobre como tem negociado contratos para garantir salários justos em comparação aos de seus co-stars masculinos.

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Várias outras atrizes têm denunciado a diferença salarial em Hollywood, incluindo Jennifer Lawrence, Gillian Anderson, Robin Wright e Natalie Portman. Leia o que Jessica Chastain disse sobre o assunto:


“Não vou mais aceitar trabalhos nos quais receba um quarto do salário de meus co-stars masculinos. Não vou permitir isto em minha vida.

Me lembro de ver Amy Pascal [ex-executiva da Sony Pictures], depois do ataque de hackers [que atingiu o estúdio em 2014], dando uma palestra em algum lugar. Ela disse que parte da razão de as mulheres não receberem salários iguais aos dos homens é que as mulheres não pedem mais. ‘As atrizes precisam parar de ser tão gratas’. Isso realmente me marcou. Primeiro, fiquei muito brava. Depois, pensei: ‘Ela pegou num ponto.’ As mulheres precisam dar um passo adiante e exigir serem recompensadas de forma justa por seu trabalho.

Temos uma escala para medir, pois as grandes agências sabem quanto os homens estão ganhando. Então, quando estão negociando, as atrizes devem se sentir empoderadas. Elas podem dizer: “Estamos em 2017. Não vamos mais fazer isso.”

Hoje, quando pego um trabalho, sempre pergunto sobre a justiça no pagamento. Pergunto quanto estão me oferecendo em comparação ao homem. Não ligo para o quanto vou receber; estou em uma indústria na qual somos pagos em excesso pelo trabalho que fazemos. Mas não quero estar em um set no qual esteja fazendo o mesmo trabalho de outra pessoa, mas ganhando cinco vezes menos.

No passado, o que acontecia – isso é terrível – é que um filme chegava até mim com uma proposta. Eles [os responsáveis pelo convite] não queriam que eu fizesse minha negociação até que escalassem o personagem masculino. Eles esperavam para ver o que tinham [de dinheiro] sobrando, mesmo que tivessem chegado a mim antes. Então parei de fazer isso. Agora, se alguém vem até mim com uma proposta, mas quer esperar, digo adeus. Se você me quer no seu filme, faça um acordo igualitário. Não determine meu valor com base no que sobrou.

Recentemente recusei um projeto grande. Para mim, não era o dinheiro: era a velha questão da diferença salarial. Recusei [a proposta] e eles não voltaram. Me lembro de pensar: ‘O que eu fiz? Talvez tenha sido um erro.’ Mas não foi, porque todo mundo nos estúdios ouviu falar sobre o que fiz. Criei uma reputação: não ofereça à Jessica algo no qual ela não será recompensada de forma justa quando comparada ao protagonista masculino. Perdi aquele filme, mas criei um limite, uma linha na areia. O poder do ‘não’ é educar as pessoas sobre como devem te tratar.”

Via Variety

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