Crítica: “Os Olhos Amarelos do Crocodilo”, de Cécile Telerman

Exibido no Festival Varilux de Cinema Francês, “Os Olhos Amarelos do Crocodilo” é a versão da diretora Cécile Telerman para o romance de Katherine Pancol. Também autora do roteiro, em parceria com Charlotte de Champfleury, Telerman conta a história de duas irmãs de personalidades e vidas opostas, mas ambas em crise.

Joséphine (Julie Depardieu) é tímida, simples, dona de um doutorado sobre a Idade Média que não impressiona ninguém em sua família. Quando expulsa o marido desempregado e infiel de casa, ela se vê em grande dificuldade financeira, tendo de criar e sustentar as duas filhas, Zoé e Hortense, esta uma adolescente difícil e que desrespeita e despreza a mãe.

Iris (Emmanuelle Béart) é extrovertida, carismática, bonita e elegante. Casada com um rico advogado (Patrick Bruel) e mãe de um filho ao qual dá pouca atenção, ela leva uma vida de aparências e sempre à procura de algum significado.

Durante um jantar para os amigos do marido, Iris tenta parecer interessante com a afirmação de que está escrevendo um romance sobre a Idade Média. A história se espalha e ela, tão incapaz de escrever quanto de desistir da ideia e ouvir comentários maldosos, propõe um acordo à irmã: Joséphine escreverá o livro e ganhará o dinheiro das vendas, mas Iris é quem assinará a obra.

Jo aceita a função de ghost writer, mas o livro se torna um best-seller e a tensão entre as duas cresce. De forma constante, de acordo com o momento da história, Depardieu e Béart se alternam no papel da irmã mais forte – e a atuação das duas é, sem dúvida, o ponto alto de “Os Olhos Amarelos do Crocodilo”.

O filme, porém, não se contenta com o excelente trabalho das atrizes, nem com o inteligente conflito central. Telerman dilui a questão da autoria em dramas paralelos – a vida amorosa de Jo, a criação de crocodilos de seu ex-marido, a possível infidelidade do marido de Iris, o caso do padrasto das duas com a secretária, entre outros.

Em parte, as pequenas tramas ajudam a construir as personagens e até esboçam um painel da sociedade parisiense. Mas seu principal efeito é distrair o espectador e tirar a força de um filme promissor.

“Os Olhos Amarelos do Crocodilo
[Lex Yeux Jeunes des Crocodiles, França/Espanha, 2014]
Direção: Cécile Telerman
Elenco: Julie Depardieu, Emmanuelle Béart, Patrick Bruel
Duração: 118 minutos

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