Monique Gardenberg faz tributo ao brega e quer ‘abrir cabeças’ em ‘Paraíso Perdido’

A estreia de Paraíso Perdido, nesta quinta-feira (31), marca a volta da diretora Monique Gardenberg aos cinemas depois de um longo intervalo. Desde o lançamento de Ó Pai, Ó, em 2007, ela se dedicou à série de mesmo nome, à direção de shows e a projetos cinematográficos que ainda não saíram do papel. O resultado: oito anos sem filmar.

“Estava dependendo de muita gente e de muitas variáveis”, contou a diretora, em entrevista coletiva realizada em São Paulo na segunda-feira (28). “A adaptação de Caixa Preta [livro do escritor israelense Amós Oz] depende de atores internacionais; a de Boca do Inferno [da brasileira Ana Miranda] depende de uma [emissora de] televisão que queira contar a história; e Ó Pai, Ó 2 já teve três roteiristas, e todos tiveram de deixar o projeto. Então falei: ‘Vou escrever uma história minha, que dependa só da minha vontade e da minha garra para realizar.'”

Esta história é Paraíso Perdido, drama musical ambientado em uma boate que dá título ao filme e remete à cena noturna paulistana, especificamente a da rua Augusta. O dono, José (Erasmo Carlos), é patriarca de uma família que se reveza nas apresentações musicais, e que contrata o policial Odair (Lee Taylor), para cuidar da segurança do neto, Imã (Jaloo), um talentoso jovem cantor que costuma subir ao palco vestido de mulher.

A trama se completa com Nádia (Mallu Galli), a mãe surda de Odair; Angelo (Júlio Andrade), o filho de José que espera reencontrar um grande amor; Celeste (Julia Konrad), filha de Angelo que descobre estar grávida; Eva (Hermila Guedes), mãe de Ímã, que cumpre pena por assassinato e mantém um romance com Milene (Marjorie Estiano); Teylor (Seu Jorge), cantor amigo da família; e Pedro (Humberto Carrão), frequentador da boate que tenta resistir à atração que sente por Imã.

A diretora Monique Gardenberg rodeada pelo elenco de “Paraíso Perdido” / Foto: Felipe Panfili

Tantos personagens ajudam Gardenberg a falar sobre diferentes formas de amor e novos modelos familiares. “Paraíso Perdido é um microcosmo onde existe tolerância, aceitação, liberdade e afeto. Faz parte do amor respeitar o desejo do outro. E nesse respeito ao querer do outro, tem o querer de toda ordem”, afirmou a diretora. “Os sexos desapareceram e o filme, de alguma maneira, vai tentar contribuir para abrir as cabeças que ainda não conseguiram chegar lá. Minha ideia é ajudar um monte de gente que ainda não se abriu para este novo mundo, para o fim da cultura cristã.”

Diante disso, Mulher no Cinema perguntou à diretora se ela confirmava a notícia, publicada pelo jornal Extra!, de que uma cena de sexo entre as personagens de Hermila Guedes e Marjorie Estiano tinha sido cortada para tornar o filme “mais acessível ao grande público”. Ela afirmou que a sequência, na verdade, envolvia três personagens – Eva, Milene e Odair – e era uma reprodução do ménage à trois de Violência e Paixão (1974), de Luchino Visconti (1906-1976). “Mas não ficou bom, porque não ficou erótico”, justificou a cineasta. “Ficou belo, e o filme é erótico. Foi só por isso que cortei. Disseram que era para ter mais público, mas acho que seria o oposto: se tivesse deixado, ia ter mais público.”

Com longa trajetória como produtora de shows, Gardenberg disse que o filme também é “uma homenagem à música romântica popular brasileira” – e, de fato, as ótimas apresentações são frequentes e fundamentais ao desenvolvimento da narrativa. Com produção musical de Zeca Baleiro, Paraíso Perdido apresenta canções de artistas como Márcio Greyck, Reginaldo Rossi, Odair José e Roberto Carlos, entre outros. A trilha sonora pode ser ouvida no Spotify.

Veja o trailer de Paraíso Perdido:

Deixe um comentário

Top