Crowdfunding: Com equipe 100% feminina, “Formigueiro” retrata luta diária das brasileiras

A partir desta semana o Mulher no Cinema passa a dar espaço a iniciativas de crowdfunding (financiamento coletivo) relacionadas ao trabalho das mulheres nas telas. A ideia é apresentar filmes e outros projetos independentes a quem quer colaborar.


“Formigueiro – A Revolução Cotidiana das Mulheres”

O PROJETO

Um documentário sobre a mobilização das mulheres brasileiras pela autonomia sobre suas escolhas e contra a violência. Tem equipe 100% feminina: Bruna Provazi assina roteiro e direção; Yasmin Thomaz e Li Fernandes se dividem na direção de fotografia e na montagem; e Tica Moreno e Ana Paula Farias são as produtoras.

A HISTÓRIA

O título do filme vem do que a equipe entende ser o trabalho de formação feminista hoje: um “trabalho de formiguinha” para mudar a organização social. Desde março as realizadoras percorrem as cinco regiões do Brasil durante a 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, tendo feito entrevistas em locais como Tocantins, Minas Gerais e São Paulo.

A DIRETORA

Bruna Provazi nasceu em Porto Real (RJ), cresceu em Juiz de Fora (MG) e hoje mora em São Paulo (SP). Começou a trabalhar com produção cultural em 2006, quando ajudou a criar o Festival Mulheres no Volante, que reunia música, exposições, performances, vídeos e outras produções artísticas femininas.

Formada em jornalismo, em 2013 ela fez parte da campanha de comunicação do filme “Elena”, de Petra Costa, e desde então passou a atuar com mobilização em mídias sociais voltada para cinema e produção cultural. Também fez os curtas “Mulheres em Movimento 2.0” (2008) e “As Mulheres Transformando a Universidade” (2009), além de vídeos para a Sempreviva Organização Feminista.

COMO O PROJETO COMEÇOU

As realizadoras se conheceram por meio do ativismo feminista e pela música, já que a maioria toca em bandas. Entre seus trabalhos juntas estão o programa de culinária no Youtube “Uma Pitada de Feminismo” e a série de vídeos “Buteco das Mina”.

Em entrevista ao Mulher no Cinema, Bruna disse: “Acho que foi a partir do meu trabalho de mídias sociais para cinema, e do contato que tive com produtoras independentes, nas quais, na grande maioria das vezes, tanto o cargo de direção quanto as funções mais técnicas como edição, finalização e câmera são até hoje majoritariamente ocupadas por homens, que me despertou esse desejo de produzir um documentário não apenas que desse voz às lutas das mulheres, mas que fosse totalmente feito por mulheres.”

COMO SERÁ O LANÇAMENTO

A ideia é exibir o filme gratuitamente por todo o País em um circuito de exibição popular itinerante. Depois, o documentário poderá ser visto também pela internet.

COMO COLABORAR

A campanha de financiamento está rolando no Benfeitoria e está no finalzinho: acaba em 14/09. A primeira meta de R$ 14 mil, para encerrar as gravações, foi alcançada. Mas a equipe espera chegar a R$ 25 mil para a pós-produção e finalização. As colaborações começam em R$ 20 e preveem recompensas.

PALAVRA DA DIRETORA

“Está meio em alta essa coisa da representatividade, das personagens femininas em filmes e séries. Mas quando olhamos para dentro, as posições continuam praticamente inalteradas, pois em sua maioria ainda são homens brancos pensando, dirigindo e editando esses conteúdos para um novo mercado de consumidoras mulheres. Sabemos que isso não é por acaso, pois vivemos em uma sociedade profundamente desigual, que tem essa divisão sexual do que é trabalho de mulher e de homem como uma das bases que sustentam o sistema econômico atual.

Em nosso filme “Formigueiro” temos o desejo comum de quebrar essa barreira quase invisível do espaço da mulher e do homem na sociedade, que se reflete também no meio audiovisual. Para nós foi natural essa parceria, devido aos outros projetos que temos juntas, mas muitas vezes superar essa situação de desigualdade requer um exercício de sair do seu lugar de conforto e pensar, por dois segundos, antes de convidar aquele seu amigo de sempre para ocupar tal função técnica, se você não conhece nenhuma mulher que saiba fazer o mesmo – e até melhor. E por que não dar uma chance a ela, só pra variar um pouquinho?”

PARA SABER MAIS

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