Crítica: “A Dama Dourada”, dirigido por Simon Curtis

Uma das grandes decepções do cinema no ano passado foi “Caçadores de Obras-Primas”, filme de George Clooney sobre um grupo com a missão de recuperar obras de arte roubadas pelos nazistas. Uma premissa promissora resultou em um filme monótono e incapaz de provocar emoção, suspense ou divertimento.

Em cartaz no Brasil, “A Dama Dourada” é uma nova tentativa de Hollywood de abordar o mesmo tema. A ação sai do campo de batalha e entra em território mais íntimo: quem luta para recuperar o patrimônio artístico tomado pelos nazistas não são militares ou governos, mas uma mulher pessoalmente afetada pelos roubos.

Ela é a Maria Altmann, personagem real que durante a juventude é interpretada por Tatiana Maslany (da série “Orphan Black”) e, mais tarde, por Helen Mirren. Judia e criada em uma família ligada às artes, Maria teve de fugir da Áustria durante a Segunda Guerra Mundial e se refugiou nos Estados Unidos.

Cerca de 60 anos depois ela decide travar uma batalha com o governo austríaco para recuperar um retrato de sua tia roubado pelos nazistas. Tarefa difícil por si só, mas ainda mais complicada em se tratando de nada menos do que Retrato de Adele Bloch-Bauer I, a famosa pintura de Gustav Klimt.

Com a ajuda do jovem e inexperiente advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds) e do jornalista austríaco Hubertus Czernin (Daniel Brühl), Maria se empenhou em uma disputa que durou quase uma década e chegou à Suprema Corte dos Estados Unidos.

Na direção, Simon Curtis aposta na emoção que faltou no filme de Clooney, tanto nos flashbacks que mostram a dor da jovem obrigada a fugir e a deixar a família, quanto no tempo presente em que Maria e Randy se conectam com a história de suas famílias. Mas poucas cenas despertam emoção genuína: a maioria parece apenas seguir os padrões de cinebiografias e filmes sobre a guerra. Um caso tão particular, de alguma forma, ficou com cara de já vi esse filme.

Não que “A Dama Dourada” não tenha seus méritos. É, sem dúvida, um longa muito superior a “Caçadores de Obras-Primas”, com impecável trabalho de reconstrução de época, personagens carismáticos e excelentes atuações de Maslany e Mirren, que elevam o material o quanto podem. A sensação, porém, é a de que a história de Maria Altmann merecia um filme melhor.

“A Dama Dourada”
[Woman in Gold, EUA/Reino Unido, 201r]
Direção: Simon Curtis
Elenco: Helen Mirren, Ryan Reynolds, Tatiana Maslany
Duração: 109 minutos

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